terça-feira, 21 de setembro de 2010

3º ano - Ensino médio


Mato Grosso do Sul: cultura e folclore

          Mato Grosso do Sul, tendo seu território percorrido pelas correntes migratórias espanholas e portuguesas desde 1524 e, depois de oficializada a posse pela coroa portuguesa, sua situação geográfica de proximidade com as fronteiras do Paraguai e da Bolívia, oferece características histórico-culturais diferenciadas das demais regiões do país. Grande parte da superfície desse Estado é considerada a maior área inundável do continente americano - o Pantanal. Seus habitantes são pessoas simples e guardam em suas memórias, histórias que contam como se formou essa parte do continente, considerando que ali existia, há muitos anos, o mar de Xaraés. Encontram-se mitos como o Bicho Pé-de-garrafa, o Minhocão, o Mãozão, o Come-língua e outros, além de lendas como A tristeza do Tuiuiú, o João de Barro, o Guaraná, só para citar algumas. 
          A habitação folclórica mais comum é feita de paredes de palmeiras encontradas na região como o taquarussu e o bacuri, com cobertura de folhas de bacuri, carandá e sapé, equipada de forno de barro, fogão a lenha e jirau.
 
          A culinária da região é saborosa, desde o arroz carreteiro até a chipa paraguaia, passando pelo sarrabulho, locro, churrasco com mandioca, farofa de banana da terra, carne seca ao sol frita, cozida ou assada, paçoca de carne seca, peixes como: pintado, dourado, pacu e outros, caldo de piranha (afrodisíaco), sopa paraguaia e saltenha boliviana.
          As bebidas indispensáveis são o guaraná ralado (estimulante), o tereré (mate frio ou gelado servido na guampa e sorvido através de uma bomba), além dos licores de pequi, jenipapo, leite e outros. A natureza se encarrega de fornecer os frutos com os quais as quituteiras preparam as sobremesas: doces de caju, goiaba, bocaiúva, carambola, furrundum (feito com mamão verde ralado e rapadura) e tantos outros.
          O artesanato regional pode ser visto e adquirido na Casa do Artesão de Campo Grande, mantida pela Secretaria de Cultura do Estado, ou em lojas comerciais de diversos municípios, como: Corumbá, Bonito, Rio Verde, Coxim, Miranda, Aquidauana, Dourados, Três Lagoas, só para citar alguns. O artesanato é composto por objetos confeccionados em fibras naturais como: salsaparrilha, taboca, urubamba, aguapé; em madeira da região como o jacarandá de Mato Grosso, principalmente em Três Lagoas e outras madeiras usadas na escultura como é o caso dos famosos bugrinhos, feitos inicialmente por Conceição dos Bugres e, posteriormente por membros de sua família; em tecelagem: faixas (que substituem os cintos), redes (em menor quantidade, ou sob encomendas).  Em argila o artesanato apresenta-se rico na representação da fauna pantaneira: figuras de inúmeros pássaros e todos os tipos de animais selvagens e domesticados. Uma das principais fontes produtoras desse artesanato é a Casa do Massa Barro, em Corumbá, porém nos demais municípios, artesãos independentes também produzem peças em argila, combinada com outros materiais como troncos de árvores, pedras e metal. Em Bonito encontram-se objetos confeccionados em pedra e mármore. Ao lado desse artesanato popular, da cultura folclórica, pode-se encontrar o artesanato da cultura indígena dos Cadiwéu, representado pela cerâmica em desenhos geometrizados coloridos, Terena, pela cerâmica de cor avermelhada, Caiwá pela arte plumária e outros.
          Das festas populares destacam-se as seguintes: São João de Corumbá, comemorada nesse município na noite de 23 de junho, à beira do rio Paraguai, para onde acorrem dezenas de andores do santo homenageado para ser banhado nas águas do rio. O Carnaval é festa animada em todos os municípios do Estado, recebendo destaque em Corumbá pelo desfile e premiação de fantasias nas diversas categorias.
          Outras festas religiosas podem ser encontradas como: São Benedito - uma tradição da comunidade negra, formada por descendentes de Tia Eva, na cidade de Campo Grande; Nossa Senhora de Caacupé - uma tradição paraguaia, mantida pelos seus descendentes e realizada em 8 de dezembro em municípios que concentram essas populações como: Campo Grande, Porto Murtinho e Ponta Porã; a Festa do Peixe em Coxim, realizada próximo ao dia 11 de outubro, que marca a divisão do Estado, apresentando concursos de pesca, comida tradicional e outros. 
          Com menor divulgação, porém guardando as características do folclore, pois as festas ocorrem em âmbito familiar, mas abertas ao público interessado, destacam-se a Festa dos Santos Reis em Aparecida do Taboado e região (a festa é realizada em fazendas)  e em Campo Grande nos bairros periféricos da cidade; a Festa do Divino, encontrada em Pontinha do Cocho, distrito de Camapuã, em Coxim e Miranda. Essas festas seguem o ciclo festivo do calendário religioso, sendo a primeira realizada no dia 6 de janeiro e a segunda, no dia de Pentecostes. Outras festas movimentam a vida dos habitantes sul-mato-grossenses: Bon-Odori - da colônia nipônica de Campo Grande, Santa Cruz em Miranda, além das festa dos Clubes de Laço  e festa do Peão em diversos municípios do Estado.
          As danças folclóricas encontradas em Mato Grosso do Sul foram incorporadas através da convivência com migrantes e imigrantes, principalmente vindos de: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, norte de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e, de forma muito acentuada, do Paraguai. As danças: Caranguejo, Engenho Novo, Engenho de Maromba, Revirão, Sarandi, representam a região do Bolsão (nordeste do Estado); Catira de Camapuã e Campo Grande; Chupim, Polca de Carão e a brincadeira do Toro Candil são comuns nos municípios de fronteira com o Paraguai e Polca, Rasqueado, Chamamé,   Xote, Mazurca e Vaneirão são apreciadas  em todo o Estado; o Cururu e o Siriri são danças que representam a região do Pantanal. 
          A indumentária que caracteriza o traje típico de Mato Grosso do Sul é composta, para os homens, por uma calça mais folgada (antes chamava-se colote e hoje é a calça comum, universal), camisa xadrez ou lisa, faixa de peão - listrada (em substituição ao cinto), botina, chapéu de palha ou lã, faca na bainha, ajustada sob a faixa (nas costas). Para as mulheres, o vestido rodado é de chita, com enfeites aplicados, decote discreto, porém pode ser um pouco mais ousado e mais colorido se representar o gosto das mulheres paraguaias.  
Pesquisas:
Marlei Sigrist é pesquisadora do folclore sul-mato-grossense há muitos anos e tem dedicado sua vida acadêmica ao estudo e divulgação dessa cultura rica e desconhecida no mundo. Mestre em Educação, com trabalho defendido na área de concentração- Linguagem, pesquisou a Festa do Divino na Pontinha do Cocho. É professora no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande e ministra as disciplinas de Folclore Brasileiro e Folclore Aplicado à Educação, entre outras. Trabalhou pela criação da Comissão de Folclore Sul-mato-grossense e hoje participa de pesquisas que contribuem para os estudos da Cátedra Unesco de Comunicação. Publicou diversos artigos e os Cadernos de Cultura Popular/MS 01 e 02. Brevemente será lançado seu livro Chão Batido (no prelo).
Em 1990 criou o Grupo Parafolclórico Sarandi Pantaneiro, ligado à mesma Universidade e o coordenou até 1996, quando se afastou para outras atividades. Hoje, presta assessoria ao Grupo Garça Branca, formado pelos dissidentes do primeiro. O grupo apresenta-se em eventos nacionais e internacionais. Os interessados em aprofundar os estudos ou contribuir com mais informações sobre o folclore de Mato Grosso do Sul podem lhe escrever para os endereços:
Residência:
Rua Júpiter, 1055 - Alto Sumaré - Campo Grande/MS - CEP 79009-020 BRASIL
ou Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / CCHS / DAC
A/C da Profª Marlei Sigrist
Campus Universitário -Caixa Postal 549 -Campo Grande/MS -  CEP 79070-900  BRASIL
Telefone: (0xx) (67) 787-3311 - Ramal 2318 ou 2319 (Departamento de Comunicação e Arte/UFMS
e.mail:  sigrist@nin.ufms.br



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